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Lições de um ícone do atletismo para os negócios

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Mensagem  André Seg Jul 20, 2009 12:53 pm

Por Professor John Weeks

Desenvolva a motivação de um Campeão

O jamaicano Usain Bolt se tornou o homem mais rápido da história da humanidade depois de quebrar três recordes mundiais nas Olimpíadas de Pequim do ano passado. Para realizar este feito, foi preciso ter motivação, pensamento crítico e foco. Mais importante ainda, foi necessário transformar decepções em vantagens, fraquezas em forças, e desenvolver a motivação requerida de um campeão mundial. Estes três atributos são lições que podemos aplicar aos que trabalham no mundo dos negócios.


Aproveitar as forças

Se o treinador dele não tivesse reconhecido seu dom da velocidade, talvez Usain Bolt tivesse sido apenas um jogador mediano de cricket, esporte que praticava na adolescência. Quando seus treinadores o aconselharam a se concentrar na modalidade dos 400 metros, Bolt já tinha a autoconfiança necessária para perceber que seu maior talento estava nos 100 metros rasos. As Olimpíadas provaram que ele estava certo. Bolt estava tão à vontade com suas próprias habilidades que sabia quando aceitar ou quando ignorar feedbacks.

No mundo dos negócios, muitas vezes há uma forte preocupação em realizar Análises de Insuficiência, forçando executivos a focarem na melhoria de seus pontos fracos. Isso é quase sempre um conselho errado. Se você é um ótimo escritor, mas um péssimo orador, concentre-se em escrever melhor ainda e contrate alguém para falar por você. Geralmente, as coisas que não fazemos bem são as que a gente não gosta de fazer. Uma receita para se ter sucesso é fazer cada vez menos as coisas que não gostamos, e concentrar cada vez mais nas coisas que fazemos bem.

Eu me lembro de um vendedor que era incrivelmente competente em conseguir novos clientes, porém péssimo no follow-up e no atendimento. Seu chefe o despediu, o que foi um grande erro. Encontrar um talento especial é extremamente difícil e, por outro lado, é fácil designar alguém para cuidar dos detalhes mundanos de uma pós-venda. Seu chefe deveria tê-lo mantido e contratado outro funcionário para gerenciar os clientes. Você precisa de confiança em si mesmo, e se você não for o CEO, você precisa de uma organização que lhe dê apoio.

Transforme decepções em força

Depois de se profissionalizar, Bolt enfrentou uma série de lesões e contratempos que poderiam ter desanimado qualquer um. Porém, se não tivesse atravessado estas decepções, talvez nunca tivesse encontrado o foco, a disciplina e o fôlego necessários para se tornar um campeão.

Uma pessoa bem sucedida não é a que enfrenta poucas decepções na vida. Todos nós encontramos obstáculos. Na verdade, pessoas bem sucedidas têm a habilidade de aprender, positivamente, com os atrasos e decepções, e utilizá-los como uma fonte de motivação. Steve Jobs, da Apple, costuma contar que se ele não tivesse desistido de sua faculdade, o Macintosh não teria sido um computador tão potente. Ele credita seu sucesso na Apple ao fato de ser sido despedido pela empresa 14 anos antes. Enfrentar a morte o ajudou a focar no que realmente queria da vida.

Uma pessoa bem sucedida também não é aquela que não tem fraquezas. Somos todos humanos e somos todos fracos. O que distingue a pessoa bem sucedida é sua habilidade em descobrir maneiras de usar suas fraquezas como vantagens e achar forças próprias que talvez os outros não tenham reconhecido ainda. Um dos heróis da Guerra Civil Americana foi Joshua Lawrence Chamberlain, um professor de inglês e poeta, e também um fervoroso opositor à escravidão, que não suportaria viver se não contribuísse para a guerra. Muitos de seus colegas acharam que era muito intelectualizado para ser um comandante efetivo e liderar soldados numa batalha. Mas, quando chegou a hora, o fato de ser diferente lhe deu credibilidade junto aos homens que se rebelaram contra seus líderes convencionais. Sua habilidade em articular claramente sua visão do propósito pelo qual estavam lutando provou ser uma inspiração fundamental para seus soldados.

Seus valentes esforços no Little Round Top, na batalha de Gettysburg, foi de grande importância para a vitória do exército do Norte. Chamberlain foi condecorado com o Congressional Medal of Honor.

A motivação é a chave de tudo

Usain Bolt passou por problemas no início de sua carreira porque era tão mais rápido que os outros que se negava a treinar, se alimentava da maneira errada e não tinha concentração. Isso bastava para vencer competições locais, mas, para se tornar um campeão mundial, era preciso mais. A chave era a motivação.

A motivação é igualmente importante nos negócios e, muitas vezes, tão difícil de manter quanto nos esportes. Alguns executivos têm paixão por seu trabalho, ou se responsabilizam pelos funcionários de suas empresas. Outros querem manter o poder e status. Qual o incentivo para um executivo de uma empresa como a Microsoft, que já fez sua vida e ganhou seus milhões?

Executivos que já têm tudo podem continuar a dar tudo de si ao encontrarem novos desafios e outros meios de motivação para almejarem melhorias sempre. Muitas estrelas do esporte e executivos compartilham de um intenso espírito competitivo de vencer, que geralmente não tem a ver com o acúmulo de riqueza.

E o executivo que se enxerga no limite de sua carreira, sem perspectiva de evolução, ou que está trabalhando para uma empresa com estrutura gerencial estática? Em algumas situações, você terá de trabalhar sua motivação, como fez o Bolt. Até mesmo os trabalhos mais rotineiros podem se tornar interessantes ao se fazer deles um jogo. O jeito é desenhar uma série de desafios e em seguida estabelecer pequenos objetivos. É uma questão de identificar algo que você queira fazer um pouco melhor, um pouco diferente, e então trabalhar nisso incessantemente. Usain Bolt tem apenas 22 anos, mas ele já sabe como fazer. Ele já passou por isso. Você, em seu trabalho, pode fazer o mesmo.

John Weeks é professor de Comportamento Organizacional no IMD. Ele leciona nos programas "Orchestrating Winning Performance" e "Advanced Strategic Management".
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